AIKIDO É BOM PARA A MEMÓRIA

Meus queridos amigos

Ao ler esta matéria do link abaixo, sobre o que é bom para o cérebro, no item que fala sobre fazer aula de artes, desenho, e atividades que envolvam aprender coisas novas, se vocês substituírem por fazer Aikido, verão claramente que um treino de Aikido se enquadra em todos os quesitos ali expostos. Talvez venham a entender melhor, por que eu constantemente mudo algum detalhe em algumas técnicas, nas aulas avançadas, criando com isto, algum desconforto nos alunos, forçando estes a saírem da zona de conforto. Já ocorreu de algumas vezes, um ou outro aluno vir me perguntar, “X, mas não existe uma forma mais simples de fazer esta técnica? Ao que eu respondo, “mas podendo complicar por que facilitar?”

Aproveitem, boa leitura.

http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/07/150716_saude_teste_memoria_hb

 

 

 

 

 

AOS QUERIDOS PAIS

Meus amigos,

Hoje resolvi “atualizar “um texto que já tem mais de uma década e que é dirigido especialmente aos pais dos nossos queridos alunos da turma infantil, mas na sua essência, serve, também, para todos os interessados em conhecer o Aikido.

A criança aprende naturalmente ao brincar, jogar, caminhar ou nadar, pois todas as atividades psicomotoras são importantes para seu crescimento, seu desenvolvimento e sua formação.  Ao observarmos o desenvolvimento do “aprendizado do aprender”, na criança, percebemos que ela, desde os seus primeiros minutos de vida esta aprendendo à aprender e faz isto, através de uma intensa atividade psicomotora. Aprende através das respostas que o mundo da para ela, quando estimulado pelas suas ações. Vai assim, já no inicio, aprendendo o valor de um sorriso ou de um choro.

No passado podíamos brincar na rua, jogar bola no campinho do bairro,andar de bicicleta, subir em árvores, tomar banho em uma sanga ou um banhado perto de casa ou mesmo ir a uma pracinha pública próxima de casa, com tranquilidade. Na minha infância pelo menos, no IAPI, estas atividades eram constantes, mesmo morando em uma cidade grande. Atualmente, no entanto, o acesso a estas fontes de conhecimento, é restrito. Famílias urbanas, por exemplo, são forçadas a ter uma área de recreação interna para as crianças, por razões de segurança. Estilos de vida e atividades recreacionais para crianças tiveram mudanças significativas. Vieram os condomínios fechados, os clubes etc. As brincadeiras externas foram, em muitos casos, substituídas por videogames e computadores e mais recentemente, Smartphones e Tablets.

Nas últimas décadas as conveniências em facilidades de locomoção e uma infinidade de opções de lazer, modernas, têm reduzido nossas oportunidades naturais de atividades fisicas e como consequencia das oportunidades de aprender com o corpo, lamentavelmente, cada vez mais, o aprendizado é apenas mental. Mesmo os filhos de famílias do meio rural, por exemplo, costumavam levantar-se antes da escola para fazer suas tarefas caseiras, que agora são cumpridas por máquinas. Há não muito tempo, as crianças andavam até a escola com seus vizinhos ou sozinhas, as minhas particularmente iam sempre sozinhas, só as levava nos primeiros dias. As crianças de hoje, devido ao aumento da criminalidade ou à distância, são levadas para a escola por ônibus escolares ou pelos pais.

O Aikido, ou mesmo qualquer exercício regular, pode ajudar o praticante a alcançar um nível natural de bem-estar físico maior do que os nossos estilos de vida atuais, promovem. Mas o Aikido(Ai=amor, Harmonia / Ki=Energia / Do=Caminho filosófico), certamente, oferece um conjunto de poderosas ferramentas a serviço do desenvolvimento psicomotor da criança, sendo assim uma complementação, em um viés de uma formação mais plena para a criança. O nosso Aikido é baseado em 7 princípios filosóficos estratégicos e 3 práticas filosóficas. Tais princípios e práticas filosóficas são exercitados através da prática corporal de 3 conjuntos de técnicas básicas.

Os 7 princípios filosóficos de estratégia são:

  1. A) Antecipação: saber quem é o adversário(conhece-lo) e como é o terreno onde vai ser desenvolvido o conflito – A melhor maneira de resolver um conflito é encontrar uma solução antes que ele se manifeste.
  2. B) Não ser atingido: (autopreservação) – Praticando o aprendizado de encarar o contraditório como um aprendizado, olhar o não como uma oportunidade – Quando não existe agredido, não existe agressã
  3. C)  Não bloquear, não ir contra a energia do atacante – Se não houver reagente, não haverá fogo.
  4. D) Colocar-se em vantagem: buscar uma “posição vantajosa” ponto na retaguarda do atacante ou no mínimo, em um ponto neutro, de forma a ser a sua sombra.. É impossível, para o atacante, atingir a sua sombra.
  5. E) O dominio do centro: manter o seu centramento, tanto físico como psicológico, assim como no xadrez ou na Dama, quem domina o centro tem melhores chances, na dinâmica do Aikido, sempre que possível, procurar ser o centro do movimento. O centro com equilíbrio, é o poder.
  6. F) A energia da espiral descendente: A agressividade é uma energia ascendente e tende a aumentar quando encontra oposição. Para neutraliza-la usamos movimentos circulares descendentes e se formos imobilizar, um agressor, o colocamos em decúbito ventral, sempre que possível. O contato do ventre com a terra nos acalma e tranquiliza.
  7. G) Respeito ao adversário: O seu adversário, seja em que área for, deve sempre ser respeitado. Nunca deve deixar o adversário, mesmo na finalização do movimento, em situação humilhante e de extrema dor, seja física ou psicológica – Mesmo um gatinho indefeso, quando encurralado, pode transformar-se em um leão.

 

As três práticas filosóficas são:

1- Disciplina; ter propósitos e princípios e se dedicar a mante-los vivos.

2- Hierarquia: respeito aos mais velhos ou aos mais antigos;

3- Giri (gratidão).  Estar sempre grato aos pais, que lhe deram a vida e a todos os mestres e professores, que lhe trazem conhecimento.

O Aikido moderno procura, na medida do possível, manter os valores morais

e as estruturas organizacionais e hierárquicas do Japão antigo, buscando valorizar o que de melhor este período tem a oferecer, adequando tais práticas às nossas realidades.

Os 3 conjuntos de técnicas básicas são:

▪▪ Ukemi, a arte de cair e levantar;

▪▪ Tai Sabaki, a arte de caminhar e dos movimentos circulares de esquiva;

▪▪ Waza(s), técnicas de projeção, torção de articulações e imobilizações.

 

 

CONCLUSÃO

 

Com o aprendizado de cair e levantar-se em segurança, o praticante aprende que A QUEDA É UMA OPORTUNIDADE E NÃO UMA DERROTA. É uma oportunidade de começar algo novo, seja através de um novo movimento, quando no Aikido, ou algo novo na vida. Quando o praticante conseguir levar estes conhecimentos como uma metáfora para o seu cotidiano. entendera a beleza e o poder da mensagem do criador do Aikido, O Sensei Morihei Ueshiba.

Por meio dos movimentos circulares do Aikido, a criança desenvolve equilíbrio, centramento e noção de espaço. Através dos exercícios de esquiva em geral, desenvolve o instinto de autopreservação. Atualmente percebemos que este instinto se encontra um pouco adormecido, pois as crianças são altamente tuteladas e despreparadas para receber os diversos “NÃO”, que a vida, com certeza, ira lhes ofertar. Consequentemente, ao atingir a idade adulta, com frequência, esses indivíduos vão se encontrar despreparados, para um mundo, como o atual, nada amigável e super competitivo.

Com a prática da não-resistência, as crianças aprendem a buscar uma solução criativa, eliminando o conflito e passando a coordenar e controlar melhor os seus movimentos. Dessa forma, elas descobrem e ampliam suas capacidades e seus limites, tanto no aspecto físico quanto psicológico. Além disso, os praticantes também aprendem a respeitar o limite do outro, o seu colega de treino, neste caso. A prática ainda transmite à criança uma noção mais definida de espaço e de inserção, tanto no mundo físico como no mundo social.

O Aikido tem um programa próprio, que é adaptado à idade dos praticantes. A base dos treinos é comum a todos os grupos etários. Assim, os movimentos com risco de luxação ou que constituem esforço demasiado para as articulações, ainda em desenvolvimento nas crianças, são retirados do programa, mas, em compensação, na turma infantil são acrescentados exercícios, jogos e brincadeiras, específicos para crianças. Estes jogos de treinamento não somente constroem músculos, mas também desenvolvem flexibilidade e agilidade. Eles são também uma ótima brincadeira, quebrando a rotina das atividades regulares da aula.

O mais importante a se considerar nas brincadeiras das crianças é a segurança. Nenhum destes exercícios é difícil ou excessivo. Individualmente, cada criança pode decidir parar a qualquer momento. Os jogos e exercícios em si são selecionados com base principalmente na segurança dos praticantes, mas as crianças podem facilmente excedê-los, por não conhecerem seus próprios limites. Isto pode colocar ele e seu companheiro de treino (Uke) em risco. Dai a importância de que este treinamento seja sempre feito sob a supervisão de um instrutor. A função dele é observar se há hiperatividade ou comportamento hiperexcitado. Às vezes, retirar uma criança que esteja demasiadamente excitada e fazê-la apenas observar a aula por alguns minutos pode resolver o problema. Como muito do aprendizado de uma arte como o Aikido se realiza através de fazer ou não fazer algo, pedimos que os pais entrem em contato com os responsáveis quando não compreenderem alguma atitude de um instrutor ou do Sensei.

Muitos dos treinamentos individuais, como o canguru, o sapinho, o caranguejo, o coelho, a cobra etc., podem ser feitos como competições. Nas brincadeiras e nos jogos com competições procuramos acentuar a idéia e o sentimento de grupo em detrimento da individualidade, uma vez que o mundo adulto, como está conformado, já apresenta para a criança uma forte carga de supervalorização da individualidade. Desejamos com esta prática criar um MEME (ver Richard Dawkins) positivo de valorização do espírito de equipe, do trabalho em grupo e, consequentemente, o respeito aos outros seres.

Em alguns momentos o tratamento durante o treinamento pode parecer duro para com o seu filho, mas esteja certo de que isto obedece a um propósito, queremos prepará-lo, como praticante de Aikido, para a vida. As exigências do mundo real são muitas, quanto mais as crianças tiverem despertadas em si o foco, a atenção, resiliência (como capacidade de superação das dificuldades), a empatia (sentir as necessidades do próximo ou do grupo), respeito à hierarquia e espírito de cooperatividade, desenvolvendo a noção de que sozinhos não chegamos a nada, nem à nossa própria felicidade, mais preparadas elas estarão para viver um viver pleno.

No entanto, em momento algum esquecemos que não é possível exigir de uma criança que ela se concentre por uma hora apenas na prática do Aikido. Portanto, apesar da importância de incluirmos alguns dos ensinamentos e algumas das práticas de nosso “caminho”(DO), nestas aulas, é preciso “quebrar o ritmo” com jogos e brincadeiras. Assim sendo,, com as turmas das crianças seguimos uma dinâmica própria que pode ser traduzida pela seguinte frase: um movimento de Aikido, uma brincadeira; um movimento de Aikido, outra brincadeira. O elemento lúdico é importante, é brincando que se apreende.  

Vargas Fº

26/06/2016

Poder vertical e Poder horizontal

“Se queres conhecer o caráter de uma pessoa dê a ele, alguma forma de  poder.”

O convívio com as pessoas e o contato com a história da humanidade, nos mostra que o poder é um potente catalizador, ele traz à superfície, tudo que uma pessoa possa, talvez, ter de ruim, começando por coisas simples como a prepotência e a vaidade e culminando em alguns casos com atitudes e desejos mais lesivos aos seus semelhantes ou subordinados, ele acorda alguns “monstros” e “Ogros”, muitas vezes adormecidos em algum porão obscuro deste nosso castelo, que chamamos de nosso ser(Self, my self). Vou tomar a liberdade de chamar este poder de “Poder Vertical*”

Mas, muitas vezes, não precisa que nos deem poder, nós somos muito criativos e estamos constantemente criando formas de construirmos uma ideia ou sentimento de poder, sobre outros.

Esta divagação me fez lembrar e pensar sobre as pessoas que colocam junto com o nome o seu título, como quando alguém pergunta o seu nome em uma situação social, ou quando tem que assinar algum texto, carta ou modernamente, algo na internet. Isto sempre me pareceu uma certa soberba e fora outras analises psicológicas ou que seja de, no minimo, mau gosto.

Já vi diversas vezes o seguinte dialogo: “Qual o seu nome? Resposta:  Dr José …. ou, quando é solicitado à colocar o seu nome em um formulário e o de cujos escreve, Dr. Fulano de Tal

É evidente que há alguns casos, bem específico, dentro de um ambiente ou contexto profissional, em que isto, as vezes é necessário.

De qualquer forma, me identifico muito com o hábito e a ética japonesa onde é considerado feio e deselegante o ato de a própria pessoa escrever, ele próprio, algum título, tipo Dr. Juiz, Sensei ou Shihan, por exemplo, junto ao próprio nome.

Confesso que me causa profunda estranheza, no caso do ambiente do Aikido, ver acontecer alguns casos deste tipo de atitude, que espero seja feita de forma ingênua e impensada, pois nós, como formadores de opinião devemos ter muito cuidado com a nossa conduta, o Aikido não é apenas para o Tatame o Aikido deve permear toda a vida do praticante, posto que ele não é apenas uma arte marcial, ele é uma filosofia, uma filosofia humanista, de busca pela harmonia baseada na irmandade de todos os seres.

O verdadeiro Poder é a capacidade de não exercemo-lo, o Poder exercido com amor e uma profunda noção de horizontalidade e da irmandade que une a todos nós, este é o “Poder Horizontal*”

E.T..: Para aqueles que não não tenha ficado claro o porque de horizontal e de vertical, em outra oportunidade voltaremos ao assunto

CRESCIMENTO

Neste momento que precede os exames de graduação, quero mais uma vez, como sempre tenho feito,reforçar alguns princípios.

O objetivo dos exames não deve ser apenas, o de aferir o conhecimento ou a proficiência de cada um. A participação em um exame deve ser encarada, tambem, como um Keiko, um treinamento, pois um exame, não é um fim em si, ele faz parte de um processo de vir a ser, um processo que envolve um esforço de superação onde buscamos, em nosso íntimo, forças para superarmos a inércia em que naturalmente nos colocamos com o passar do tempo, digo naturalmente, porque está e uma tendência de todo o ser ser vivo, se não tivermos um estímulo qualquer, seja ele de origem mental ou fisiológica, tenderemos sempre para a inércia, para a acomodação, para a zona de conforto. Por esta razão, não devemos fugir de exames, de provas ou de dificuldades. Somente as dificuldades, os desafios, e as situações que se contrapõe a nossa tendência à uma “pseudo “Paz””, podem nos levar a um crescimento. Para reforçar está idéia podemos buscar um exemplo na fisiologia do desenvolvimento físico, dos ossos e dos músculos, pois estes só se desenvolvem quando encontram algum tipo de obstáculo ou resistência, haja visto o que ocorre com estes na ausência prolongada da força da gravidade, como já foi constatado das viagens espaciais, o que resulta em um processo de degeneração que acontece com os músculos e ossos dos astronautas, quando estes ficam algum tempo em um ambiente de gravidade zero, onde o corpo não encontra resistência, não precisando “lutar”, não precisa “fazer força”, nem contra a força da gravidade, causando com isto uma grande atrofia muscular e perda de substancia óssea.

Recentemente o meu amigo Bismarck, me lembrou um viés que gostávamos de passar aos alunos, lá bem no início do Aikido no Rio grande do Sul, através de uma frase que eu proferia quando os alunos reclamavam quando lhes propunha um exercício, um movimento mais difícil, ou lhes oferecia alguma outra dificuldade; a frase era: Se podemos complicar, por que facilitar? Isto me faz lembrar uma história de Nasrudin o lendario personagem dos contos Sufi.

“Estava Nasrudin, à noite embaixo da luz de um poste procurando alguma coisa, quando um passante que já estava a algum tempo observando, perguntou.

Ho Nasrudin, o que você esta procurando?

Nasrudin respondeu. -Procuro uma moeda que perdi.

Ao que o Transeunte remendou. Mas você tem certeza que perdeu aqui? Pois já faz horas que estas procurando.

Então Nasrudin respondeu. Não, não foi aqui, eu perdi lá, perto daquelas arvores.

Mas então porque não procuras lá.

Ao que Nasrudin respondeu É que lá, esta muito escuro, aqui tem Luz.”

 

O SILÊNCIO COMO OPÇÃO

 

Permita por favor

 

Hoje, em 2016, estou revisitando um texto de 2008, quando reviso e atualizo algo que escrevi, a algum tempo, noto que isto me traz um sentimento de renovação.

Não sei se estou escrevendo sobre o silêncio no sentido explicito ou de um modo figurado, mas acredito que de alguma forma o que serve para um serve para todos, o que esta no micro também se refere ao Macro. Mas de qualquer forma o que me leva a escrever não é o mais importante, na verdade o que importa é de que forma ele se encaixa na história de vida, nos valores e nos princípios de quem ler. Penso que este tema é muito atual, num momento tão complicado como o atual.

Escrever sobre o Silêncio me faz lembrar de uma frase de Confúcio: “O silêncio é um amigo que jamais atraiçoa.”

O Silêncio aqui pode se referir à ação, ou melhor dizendo, à ausência desta. Somos “inducados” ou “formatados”, que é uma expressão do momento, a sempre responder, quando inquiridos, solicitados ou “provocados”, isto se apoia também em um instinto básico reflexivo onde a toda ação corresponde uma reação. Se o animal tem sede, ele bebe; se tem fome, come, se esta sob grave ameaça, enfrenta ou foge, estes são os mecanismos mais básicos e primitivos. Quanto mais primitivo for o ser vivo, mais ele será refém dos instintos básicos. Por outro lado o “Ser humano”, teoricamente, é a espécie que esta mais distante desta mecânica, em função de um processo acelerado de desenvolvimento cultural e social, principalmente nos últimos 500 anos. Distantes, mas não libertos totalmente desta influência, pois a nossa bagagem genética ainda carrega os mecanismos primitivos que eram importantes, naquele contexto, importantes para a nossa sobrevivência como espécie. Mas o mundo mudou, o contexto hoje é outro, e esta mudança aconteceu em uma velocidade muitas vezes superior às transformações genéticas. Hoje, não temos mais os grandes predadores, eles eram tremendamente violentos e selvagens, mas eram previsíveis, a sua violência era da sua própria natureza, ao encontrar um o homem sabia o que esperar, e portanto aprendia como agir, mas o predador de hoje é o próprio homem, um homem doente, doente psicologicamente e socialmente, o qual, quando encontramos pela frente, geralmente não se pode fazer nenhum prognóstico. Ele é uma bomba armada para explodir a qualquer momento, sem lógica e sem sentido, pois a sua violência, não é fruto apenas da sua natureza, é fruto do seu medo da sua insegurança e da sua confusão mental.

Acredito que todos nós temos as condições biológicas de assumirmos, por escolha, a condição de um ser superior e responsável, o mote para isto, seria; nós em primeiro lugar e num segundo momento levados por um sentimento novo, trazido pela civilização, a empatia. Tudo depende de escolhas, e devemos necessariamente, praticar a escolha do coração, para isto devemos parar de agir baseados na opinião da maioria, como falou Mark Twain, “sempre que estivermos por muito tempo ao lado da maioria devemos ficar preocupados e dar uma parada para avaliar melhor”. Atualmente somos escravos do Marketing e da Mídia, somos todos “vaquinhas de presépio”, ou se quisermos uma imagem mais realista, somos como moscas comendo o lixo, isto por que nos deixamos levar pelos valores e necessidades que a mídia do consumismo nos aponta como a melhor ou a que vai nos fazer mais felizes. Isto acontece tanto a nível de consumo material, quanto a valores morais, filosóficos ou Políticos.

Esta “EDUCAÇÃO”(EduCere) de dentro para fora, pode começar pelo exercício do silêncio, o silêncio aqui, não se refere apenas à ausência de som, mas a um silêncio mais abrangente, a um Silêncio da mente consciente, o silêncio da ação, a uma inação.

Ter a opção da não resposta automática, é uma característica do ser superior, o automatismo instintivo pertence aos seres primitivos. Se alguém nos empurra, por que devemos empurrar de volta? Se tivermos uma sensação de vazio, por que devemos buscar preenche-la, imediatamente?

Se alguém nos questiona em algo, porque devemos responder com presteza?  

Onde está registrada esta lei, de que temos que responder a todas as perguntas a todos os estímulos ou a toda e qualquer agressão. Temos que REaprender que tudo depende de nós, de nossa escolha, não existe apenas a reação ou a resposta, também é nossa, a opção pela não ação, pelo silêncio. Não somos obrigados a nada, nem a responder perguntas e nem a atender ao Messenger, WatsApp, Face ou Celular.

Em períodos como o que estamos passando agora, isto fica bem claro , onde amizades estão sendo rapidamente destruídas, apenas por diferenças de opiniões e por uma pressa quase doentia em responder e declarar explosivamente, as nossas ideias e sentimentos.

Não caia na armadilha da resposta imediata, você tem direito ao Silêncio, à não ação como opção. Experimente o poder do silêncio.

A opção de não ligar a televisão, ou de ligar não por que todos estão ligando para ver um Big brother, ou  uma novela do momento, mas ligar porque quer informação e cultura, ou ir assistir um filme “oscarizado, apenas porque a maioria, levada pela mídia paga, está indo assistir, deixe de ser um boi na tropa apenas. Devemo usar a tecnologia a nosso favor, como bem disse A. Einstein: “Por que os avanços científicos e tecnológicos dão tanto conforto, tornando nossas vidas mais fáceis, mas não nos tornam mais felizes? A resposta é simples: é porque ainda não aprendemos a usá-los com inteligência.”

Estas questões não servem apenas para a nossa relação com o nosso mundo exterior, mas valem também para avaliar as nossas reações às nossas compulsões e prazeres, não quero com isto dizer que não devemos dar vazão a estes sentimentos, mas devemos adotar uma condição superior, devemos ao menos saber de onde eles vieram e a que propósito servem, já que apenas se deixar levar pelos anseios e sentidos, não é uma condição de um verdadeiro ser humano, de um ser superior, isto qualquer animal faz. Como já disse alguém: “O homem é o único Ser que come sem ter fome, bebe sem ter sede e mais ainda, fala sem ter nada para dizer”.

Pense, pense até que ponto você está agindo por inércia social, se deixando levar pelo movimento de grandes grupos, afinal você não é um apenas mais um boi na manada ou uma formiga no formigueiro, vamos aproveitar que o Carnaval já passou e tirar da cabeça esta necessidade de fazer parte de um Bloco. Aliás, fica muito claro enxergar, como surgiram os grandes erros da humanidade, quando milhares e milhares de pessoas foram cegadas, por um proselitismo de falsos valores. A história da humanidade, está cheia de exemplos deste tipo de fenômeno, sempre que alguém aproveitou uma situação de crise ou um sentimento de baixa estima de um grupo, povo ou nação, somados a um líder carismático e a uma boa propaganda, foram criadas as condições ideais para a catástrofe e grandes desastres para o homem. Até quando vamos repeti-los. Temos que acordar, acordar para o fato de que temos uma necessidade atávica, de pertencer a um grupo, necessidade esta, que veio de um longo período, de milhares de anos, em uma época em que o homem para sobreviver precisava viver em grandes grupo, isto lhe trazia segurança.

Realmente, hoje somos escravos de uma herança biológica, melhor dizendo, somos frutos de um descompasso entre uma lenta evolução biológica e uma super rápida evolução sócio-tecnológica. Para que isto não acabe em um grande desastre, precisamos de pessoas “despertas” pessoas que farão a diferença, serão aqueles que como disse um mestre yogui, conseguem enxergar o que tem atras do muro. Isto me traz a lembrança do que contou em um livro, um monge que não lembro o nome. contava ele que ao término da guerra do Vietname, os habitantes de Saigon, tinham muito medo dos Vietnamitas do Norte, e começaram a fugir para alto mar em pequenas embarcações, centenas e centenas destes barcos pereceram, segundo ele, os poucos barcos que sobreviveram, foram aqueles onde havia, pelo menos uma pessoa, com equilíbrio e serenidade, não se deixando levar pelo desespero da maioria.

Acredito que estaremos prestando um grande serviço, se conseguirmos construir algumas pessoas com este perfil.

Grato e até mais.

Quais são as duas expressões mais usadas no ambiente do Aikido? 

Permita por favor

 

Sem dúvida, para qualquer praticante deste caminho, destaca-se sobremaneira o volumoso e constante uso das expressões, POR FAVOR (Onegashimassu em nihongo, idioma japonês) e MUITO OBRIGADO (Domo arigato em nihongo). Estas duas poderosas expressões, trazidas para o nosso convívio pela tradição oriental, na realidade servem como um resgate de alguns valores que já foram tidos como importantes em nossa antiga cultura ocidental. Estes valores e os princípios que eles representam, estão tão desprestigiados no “jovem” mundo cosmopolitano atual, que existe um certo ranço social em relação a eles, a ponto de as pessoas de fora do ambiente do Aikido, sentirem uma certa estranheza ao presenciar a nossa prática de externar a todo o instante os nossos sentimentos, quer seja o de gratidão ou para pedir permissão ou licença para qualquer interação com as outras pessoas. É claro que este sentimento de estranheza, acontece principalmente entre as “tribos” mais jovens, em média os que tem menos de 35 anos.

O poder e a magia destas palavras, assim como tudo que elas representam, só poderão se materializar se elas estiverem embasadas, alicerçadas e sustentadas por um sentimento autêntico, elas devem vir da essência do ser, seja lá o lugar onde esta se localizar, conforme as crenças de cada cultura, seja no coração, como na cultura ocidental ou no hara (região do baixo ventre), conforme a cultura oriental, o importante é que sua origem passe longe de um trajeto cerebral. 

O Onegashimassu tem uma gama de significados bem abrangente: “Posso entrar? Posso isto? Posso aquilo? Permite que…? Você concorda que…? Com sua licença”…,, mas ao mesmo tempo não devemos ignorar o fato de que existem outras maneiras de comunicar nossas intenções, seja por outras categorias de expressões verbais (gírias, interjeições etc.) ou por gestos ou sinais faciais. Entretanto, o que deve ser mantido é a importância de que o receptor de nossa mensagem a perceba e entenda; isso é fundamental e deve ser preservado. 

Quando pedimos permissão a alguém, seja para o que for, nós estamos estabelecendo um contato mais íntimo e específico. De certa maneira, está sendo estabelecido um “contrato”, existe alguém querendo fazer algo e outrem permitindo ou não. Se não houver permissão, o “contrato” se extingue ali. Por outro lado, se houver concordância, tem início o envolvimento e o compromisso de ambos, ou seja, o que solicitou e o que permitiu. 

E devemos lembrar que isso também se aplica às relações com outros seres, não apenas os ditos humanos, e até os supostamente inanimados. Por exemplo, que diferença haverá no relacionamento com umparque” em um passeio domingueiro, entre uma pessoa que entra neste parque destituída de um sentimento de Onegasshimassu e outra, que, antes de entrar no parque, para e olha para o conjunto de elementos que compõem o lugar, as arvores, as flores, os pássaros e tudo o mais e pede permissão para desfrutá-lo, com profundo respeito e até, em um gesto um tanto estranho para alguns, escolhe uma árvore, até para simbolizar o seu gesto, e a abraça e agradece. Nos perguntamos: “Será que esta pessoa que pediu permissão terá coragem de jogar lixo no chão deste parque ou praticar qualquer ato danoso a ele?”. Acreditamos que não, não é mesmo? Pois no momento em que houve este pedido de licença estabeleceu-se uma relação um comprometimento. Esta mesma relação se estabelece entre os praticantes de Aikido, mas para isto, esta permissão não deve ser apenas uma verbalização comandada pelo cérebro, deve ser um sentimento que venha do coração, do Hara, de nossas “vísceras*”

É preciso resgatar em todas as pessoas, principalmente em nossos jovens, o valor deste sentimento, isto é, a todo instante de nossas vidas estarmos conectados,  constantemente estabelecendo relações e compromissos, pois como seres privilegiados que somos, por termos consciência, temos como consequência, o dever de sermos responsáveis pela harmonia do que nos cerca. 

  

Um japonês, quando exterioriza, através de palavras, um agradecimento, tem graduações muito sutis: “Arigato” é o mais simples, equivale a um simples obrigado, sem muita ênfase. Quando quer dar um pouco mais de expressão, diz: “Domo arigato”, que de certa maneira equivaleria ao nosso “muito obrigado”; já quando se trata de um agradecimento muito intenso ou formal, pronuncia: “Domo arigato gozaimashita”, que poderíamos definir por “muitíssimo obrigado”. 

A gratidão é o sentimento mais importante a cultivarmos e desenvolvermos em nós e em todas as pessoas sob a nossa influência. Grato por nascer, grato pelos professores, educadores e mestres, grato pelas condições de nosso corpo e nossa mente, sejam elas quais forem, pois por melhor ou pior que sejam, são nossas, e milhões de pessoas vão ter melhores ou piores, também. E cabe somente a cada um de nós o poder e a responsabilidade de mudá-las, tanto para melhor como para pior. 

Cada um de nós é como um imã, ou melhor, como um emissor de energia, e esta pode ser positiva, otimista, amigável e agradável ou pode ser negativa, pessimista, desacolhedora e desagradável. Seguidamente notamos pessoas que estão nos dois extremos, que são as ALPHAS e as THETAS. As ALPHAS, ao chegarem em algum lugar, antes mesmo de pronunciarem qualquer palavra ou ação, com a sua simples presença atraem a simpatia de crianças e animais domésticos. Do outro lado estão as THETAS, pelas quais aqueles seres mais sensíveis não se sentem atraídos, mas muitas vezes desconfortáveis com sua presença. Existem pessoas, inclusive, em cuja presença até plantas fenecem, murcham, pois elas não têm como se locomover. 

Existem pessoas que estão sempre vibrando na faixa que eu chamo de “azeda”; por uma mania ou cacoete, estão geralmente iniciando seus pensamentos sobre qualquer coisa, desde um filme, um livro ou uma pessoa, com a frases: “Não gostei disso ou daquilo”. Deveríamos fugir dos “gosto” e “não gosto”. Parece que nos sentimos mais importantes e mais adultos quando damos uma opinião do tipo gostei ou não gostei. Convido você a uma experiência: vamos passar uns dias trocando este papel de crítico autorizado, por um de descobridor de talentos; o que seria um descobridor de talentos? É aquele que está sempre procurando coisas boas, procurando o melhor, procurando, também, aquilo que tem potencial de ser melhor ou melhorado. 

Em qualquer coisa ou situação podemos, se procurarmos, encontrar coisas boas e positivas. Quem conhece um biodigestor sabe do que estou falando, pois neste dispositivo um monte de restos orgânicos e fezes resulta em gás para cozinha e, como subproduto, adubo para a lavoura. Então, em vez de olhar o ruim, de procurar do que não gostar, do que se lamentar, do que reclamar ou o que odiar; procure olhar o que há de bom, reforce o positivo, elogie as qualidades e as virtudes, pois elas podem, às vezes, ser pequenas, mas existem, começando por você, comece descobrindo e reforçando o que tem de bom em você. E mais, vou te contar uma coisa: te mentiram quando te disseram que é feio ou pecado se preocupar primeiro consigo mesmo, se amar antes de amar os outros. É tudo mentira, se você não começar a mudança por você, nada vai funcionar. 

Paremos de procurar e de lamentar o que não gostamos no mundo, em nós e nos outros, procuremos o que há de bom e nos regozijemos por isto, festejemos isto e o Universo nos dará mais disto, com certeza.

 

Não existe nada, qualquer coisa, seja mineral, vegetal ou animal, que não tenha algo de bom, algo que traga algum beneficio ao universo, Pois, se assim não fosse, não teria motivo para existir.

 

Grato