Quais são as duas expressões mais usadas no ambiente do Aikido? 

Permita por favor

 

Sem dúvida, para qualquer praticante deste caminho, destaca-se sobremaneira o volumoso e constante uso das expressões, POR FAVOR (Onegashimassu em nihongo, idioma japonês) e MUITO OBRIGADO (Domo arigato em nihongo). Estas duas poderosas expressões, trazidas para o nosso convívio pela tradição oriental, na realidade servem como um resgate de alguns valores que já foram tidos como importantes em nossa antiga cultura ocidental. Estes valores e os princípios que eles representam, estão tão desprestigiados no “jovem” mundo cosmopolitano atual, que existe um certo ranço social em relação a eles, a ponto de as pessoas de fora do ambiente do Aikido, sentirem uma certa estranheza ao presenciar a nossa prática de externar a todo o instante os nossos sentimentos, quer seja o de gratidão ou para pedir permissão ou licença para qualquer interação com as outras pessoas. É claro que este sentimento de estranheza, acontece principalmente entre as “tribos” mais jovens, em média os que tem menos de 35 anos.

O poder e a magia destas palavras, assim como tudo que elas representam, só poderão se materializar se elas estiverem embasadas, alicerçadas e sustentadas por um sentimento autêntico, elas devem vir da essência do ser, seja lá o lugar onde esta se localizar, conforme as crenças de cada cultura, seja no coração, como na cultura ocidental ou no hara (região do baixo ventre), conforme a cultura oriental, o importante é que sua origem passe longe de um trajeto cerebral. 

O Onegashimassu tem uma gama de significados bem abrangente: “Posso entrar? Posso isto? Posso aquilo? Permite que…? Você concorda que…? Com sua licença”…,, mas ao mesmo tempo não devemos ignorar o fato de que existem outras maneiras de comunicar nossas intenções, seja por outras categorias de expressões verbais (gírias, interjeições etc.) ou por gestos ou sinais faciais. Entretanto, o que deve ser mantido é a importância de que o receptor de nossa mensagem a perceba e entenda; isso é fundamental e deve ser preservado. 

Quando pedimos permissão a alguém, seja para o que for, nós estamos estabelecendo um contato mais íntimo e específico. De certa maneira, está sendo estabelecido um “contrato”, existe alguém querendo fazer algo e outrem permitindo ou não. Se não houver permissão, o “contrato” se extingue ali. Por outro lado, se houver concordância, tem início o envolvimento e o compromisso de ambos, ou seja, o que solicitou e o que permitiu. 

E devemos lembrar que isso também se aplica às relações com outros seres, não apenas os ditos humanos, e até os supostamente inanimados. Por exemplo, que diferença haverá no relacionamento com umparque” em um passeio domingueiro, entre uma pessoa que entra neste parque destituída de um sentimento de Onegasshimassu e outra, que, antes de entrar no parque, para e olha para o conjunto de elementos que compõem o lugar, as arvores, as flores, os pássaros e tudo o mais e pede permissão para desfrutá-lo, com profundo respeito e até, em um gesto um tanto estranho para alguns, escolhe uma árvore, até para simbolizar o seu gesto, e a abraça e agradece. Nos perguntamos: “Será que esta pessoa que pediu permissão terá coragem de jogar lixo no chão deste parque ou praticar qualquer ato danoso a ele?”. Acreditamos que não, não é mesmo? Pois no momento em que houve este pedido de licença estabeleceu-se uma relação um comprometimento. Esta mesma relação se estabelece entre os praticantes de Aikido, mas para isto, esta permissão não deve ser apenas uma verbalização comandada pelo cérebro, deve ser um sentimento que venha do coração, do Hara, de nossas “vísceras*”

É preciso resgatar em todas as pessoas, principalmente em nossos jovens, o valor deste sentimento, isto é, a todo instante de nossas vidas estarmos conectados,  constantemente estabelecendo relações e compromissos, pois como seres privilegiados que somos, por termos consciência, temos como consequência, o dever de sermos responsáveis pela harmonia do que nos cerca. 

  

Um japonês, quando exterioriza, através de palavras, um agradecimento, tem graduações muito sutis: “Arigato” é o mais simples, equivale a um simples obrigado, sem muita ênfase. Quando quer dar um pouco mais de expressão, diz: “Domo arigato”, que de certa maneira equivaleria ao nosso “muito obrigado”; já quando se trata de um agradecimento muito intenso ou formal, pronuncia: “Domo arigato gozaimashita”, que poderíamos definir por “muitíssimo obrigado”. 

A gratidão é o sentimento mais importante a cultivarmos e desenvolvermos em nós e em todas as pessoas sob a nossa influência. Grato por nascer, grato pelos professores, educadores e mestres, grato pelas condições de nosso corpo e nossa mente, sejam elas quais forem, pois por melhor ou pior que sejam, são nossas, e milhões de pessoas vão ter melhores ou piores, também. E cabe somente a cada um de nós o poder e a responsabilidade de mudá-las, tanto para melhor como para pior. 

Cada um de nós é como um imã, ou melhor, como um emissor de energia, e esta pode ser positiva, otimista, amigável e agradável ou pode ser negativa, pessimista, desacolhedora e desagradável. Seguidamente notamos pessoas que estão nos dois extremos, que são as ALPHAS e as THETAS. As ALPHAS, ao chegarem em algum lugar, antes mesmo de pronunciarem qualquer palavra ou ação, com a sua simples presença atraem a simpatia de crianças e animais domésticos. Do outro lado estão as THETAS, pelas quais aqueles seres mais sensíveis não se sentem atraídos, mas muitas vezes desconfortáveis com sua presença. Existem pessoas, inclusive, em cuja presença até plantas fenecem, murcham, pois elas não têm como se locomover. 

Existem pessoas que estão sempre vibrando na faixa que eu chamo de “azeda”; por uma mania ou cacoete, estão geralmente iniciando seus pensamentos sobre qualquer coisa, desde um filme, um livro ou uma pessoa, com a frases: “Não gostei disso ou daquilo”. Deveríamos fugir dos “gosto” e “não gosto”. Parece que nos sentimos mais importantes e mais adultos quando damos uma opinião do tipo gostei ou não gostei. Convido você a uma experiência: vamos passar uns dias trocando este papel de crítico autorizado, por um de descobridor de talentos; o que seria um descobridor de talentos? É aquele que está sempre procurando coisas boas, procurando o melhor, procurando, também, aquilo que tem potencial de ser melhor ou melhorado. 

Em qualquer coisa ou situação podemos, se procurarmos, encontrar coisas boas e positivas. Quem conhece um biodigestor sabe do que estou falando, pois neste dispositivo um monte de restos orgânicos e fezes resulta em gás para cozinha e, como subproduto, adubo para a lavoura. Então, em vez de olhar o ruim, de procurar do que não gostar, do que se lamentar, do que reclamar ou o que odiar; procure olhar o que há de bom, reforce o positivo, elogie as qualidades e as virtudes, pois elas podem, às vezes, ser pequenas, mas existem, começando por você, comece descobrindo e reforçando o que tem de bom em você. E mais, vou te contar uma coisa: te mentiram quando te disseram que é feio ou pecado se preocupar primeiro consigo mesmo, se amar antes de amar os outros. É tudo mentira, se você não começar a mudança por você, nada vai funcionar. 

Paremos de procurar e de lamentar o que não gostamos no mundo, em nós e nos outros, procuremos o que há de bom e nos regozijemos por isto, festejemos isto e o Universo nos dará mais disto, com certeza.

 

Não existe nada, qualquer coisa, seja mineral, vegetal ou animal, que não tenha algo de bom, algo que traga algum beneficio ao universo, Pois, se assim não fosse, não teria motivo para existir.

 

Grato

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