Poder vertical e Poder horizontal

“Se queres conhecer o caráter de uma pessoa dê a ele, alguma forma de  poder.”

O convívio com as pessoas e o contato com a história da humanidade, nos mostra que o poder é um potente catalizador, ele traz à superfície, tudo que uma pessoa possa, talvez, ter de ruim, começando por coisas simples como a prepotência e a vaidade e culminando em alguns casos com atitudes e desejos mais lesivos aos seus semelhantes ou subordinados, ele acorda alguns “monstros” e “Ogros”, muitas vezes adormecidos em algum porão obscuro deste nosso castelo, que chamamos de nosso ser(Self, my self). Vou tomar a liberdade de chamar este poder de “Poder Vertical*”

Mas, muitas vezes, não precisa que nos deem poder, nós somos muito criativos e estamos constantemente criando formas de construirmos uma ideia ou sentimento de poder, sobre outros.

Esta divagação me fez lembrar e pensar sobre as pessoas que colocam junto com o nome o seu título, como quando alguém pergunta o seu nome em uma situação social, ou quando tem que assinar algum texto, carta ou modernamente, algo na internet. Isto sempre me pareceu uma certa soberba e fora outras analises psicológicas ou que seja de, no minimo, mau gosto.

Já vi diversas vezes o seguinte dialogo: “Qual o seu nome? Resposta:  Dr José …. ou, quando é solicitado à colocar o seu nome em um formulário e o de cujos escreve, Dr. Fulano de Tal

É evidente que há alguns casos, bem específico, dentro de um ambiente ou contexto profissional, em que isto, as vezes é necessário.

De qualquer forma, me identifico muito com o hábito e a ética japonesa onde é considerado feio e deselegante o ato de a própria pessoa escrever, ele próprio, algum título, tipo Dr. Juiz, Sensei ou Shihan, por exemplo, junto ao próprio nome.

Confesso que me causa profunda estranheza, no caso do ambiente do Aikido, ver acontecer alguns casos deste tipo de atitude, que espero seja feita de forma ingênua e impensada, pois nós, como formadores de opinião devemos ter muito cuidado com a nossa conduta, o Aikido não é apenas para o Tatame o Aikido deve permear toda a vida do praticante, posto que ele não é apenas uma arte marcial, ele é uma filosofia, uma filosofia humanista, de busca pela harmonia baseada na irmandade de todos os seres.

O verdadeiro Poder é a capacidade de não exercemo-lo, o Poder exercido com amor e uma profunda noção de horizontalidade e da irmandade que une a todos nós, este é o “Poder Horizontal*”

E.T..: Para aqueles que não não tenha ficado claro o porque de horizontal e de vertical, em outra oportunidade voltaremos ao assunto

CRESCIMENTO

Neste momento que precede os exames de graduação, quero mais uma vez, como sempre tenho feito,reforçar alguns princípios.

O objetivo dos exames não deve ser apenas, o de aferir o conhecimento ou a proficiência de cada um. A participação em um exame deve ser encarada, tambem, como um Keiko, um treinamento, pois um exame, não é um fim em si, ele faz parte de um processo de vir a ser, um processo que envolve um esforço de superação onde buscamos, em nosso íntimo, forças para superarmos a inércia em que naturalmente nos colocamos com o passar do tempo, digo naturalmente, porque está e uma tendência de todo o ser ser vivo, se não tivermos um estímulo qualquer, seja ele de origem mental ou fisiológica, tenderemos sempre para a inércia, para a acomodação, para a zona de conforto. Por esta razão, não devemos fugir de exames, de provas ou de dificuldades. Somente as dificuldades, os desafios, e as situações que se contrapõe a nossa tendência à uma “pseudo “Paz””, podem nos levar a um crescimento. Para reforçar está idéia podemos buscar um exemplo na fisiologia do desenvolvimento físico, dos ossos e dos músculos, pois estes só se desenvolvem quando encontram algum tipo de obstáculo ou resistência, haja visto o que ocorre com estes na ausência prolongada da força da gravidade, como já foi constatado das viagens espaciais, o que resulta em um processo de degeneração que acontece com os músculos e ossos dos astronautas, quando estes ficam algum tempo em um ambiente de gravidade zero, onde o corpo não encontra resistência, não precisando “lutar”, não precisa “fazer força”, nem contra a força da gravidade, causando com isto uma grande atrofia muscular e perda de substancia óssea.

Recentemente o meu amigo Bismarck, me lembrou um viés que gostávamos de passar aos alunos, lá bem no início do Aikido no Rio grande do Sul, através de uma frase que eu proferia quando os alunos reclamavam quando lhes propunha um exercício, um movimento mais difícil, ou lhes oferecia alguma outra dificuldade; a frase era: Se podemos complicar, por que facilitar? Isto me faz lembrar uma história de Nasrudin o lendario personagem dos contos Sufi.

“Estava Nasrudin, à noite embaixo da luz de um poste procurando alguma coisa, quando um passante que já estava a algum tempo observando, perguntou.

Ho Nasrudin, o que você esta procurando?

Nasrudin respondeu. -Procuro uma moeda que perdi.

Ao que o Transeunte remendou. Mas você tem certeza que perdeu aqui? Pois já faz horas que estas procurando.

Então Nasrudin respondeu. Não, não foi aqui, eu perdi lá, perto daquelas arvores.

Mas então porque não procuras lá.

Ao que Nasrudin respondeu É que lá, esta muito escuro, aqui tem Luz.”