DA IMPORTÂNCIA DAS PERGUNTAS

 

Neste fim de semana tive a honra e o prazer de participar de um evento em Curitiba, brilhantemente organizado por Lincoln Sensei e seu grupo, com a colaboração e participação de outros grupos e Dojos vinculados a organização criada pelo nosso saudoso Kawai Shihan, o introdutor do Aikido no Brasil.

Durante este grandioso evento tive a felicidade de exercer e praticar um hábito muito salutar e útil que tenho procurado adotar no meu dia a dia, visando um melhor desenvolvimento como ser humano e, acredito, extensivamente positivo a todos os envolvidos em minhas relações, que é o ato de fazer questionamentos (ou “na dúvida pergunte”). Explico: andava curioso com uma nova forma de fazer ukemis que algumas pessoas andam fazendo. Como neste evento estavam presentes algumas destas pessoas, vislumbrei a oportunidade de tentar entender melhor a questão, pois queria, primeiramente, entender a origem da mudança. Não vou entrar em detalhes técnicos sobre a mudança em si, porque não é este o propósito deste texto. A ideia é jogar luzes na importância de criarmos o hábito de fazermos perguntas.

Na medida em que me questionei sobre a validade da “inovação” na prática de algo já tradicional no Aikido, procurei fugir da facilidade de apenas fazer uma crítica vazia, principalmente por não ter elementos para melhor entender a questão. Diante disso chamei o grupo todo ao qual estava ministrando o Keiko (treino) e perguntei, de coração aberto, o porquê daquele formato. Já adianto: foi uma experiência muito gratificante conversar com todos ali presente e perceber, nos olhos daquelas pessoas, que todos nós compartilhamos da mesma energia e das mesmas preocupações, ou seja, buscar a prática de um Aikido cada vez mais inclusivo, respeitoso e harmonioso, principalmente entre seus instrutores e Sensei(s), um ambiente muito salutar.

 

Durante o questionamento, conseguimos conversar e apresentar ideias sem ranço e sem dogmas e sem que nenhum de nós, tenha se alçado a “dono da verdade”. Olhando no fundo do olho de cada um dentro do tatame não percebi contrariedades, mas disposição a um diálogo sincero. Apesar de sairmos ainda com nossas próprias convicções, novas perspectivas surgiram para meditar sobre o assunto abordado.

Acredito que o hábito de fazer perguntas e escutar as respostas com coração aberto  nos faz bem, assim como em um keiko o Uke executa um ataque sincero (questionamento) e um Nague o recebe (yudo) executando alguma técnica(resposta) e reage a este ataque com um Aikido repleto de seriedade, atenção e sinceridade.

 

Já disse alguém no passado que “o mais importante são as perguntas” pois as respostas surgem após algum questionamento. Podemos até dizer que a pergunta sincera é a mãe do conhecimento. Às vezes nos foge a chance de fazer a pergunta no momento certo, mas isso é um mentalismo nosso. Se hoje não foi possível efetivar o questionamento não importa, o mundo gira. A oportunidade para a pergunta poderá aparecer novamente. Por exemplo: – se ontem alguma pessoa teve um comportamento estranho ou estava fora de seu centro e não foi possível ter com ela um “diálogo” respeitoso, não importa. Quando surgir nova oportunidade, façamos então, as perguntas necessárias. Remoer dúvidas e suposições, só serve para criarmos energias negativas, a atitude positiva é trazer as dúvidas à luz, ao ar, ao convívio com seus semelhantes, com seus iguais.

Para concluir, a mensagem que fica é: Não devemos criar as minhocas da ignorância em nossas cabeças, devemos cultivar as perguntas certas para as horas próprias.

 

Grato e até breve

 

Vargas Filho
Whatsapp: +5551982274553

4 comentários sobre “DA IMPORTÂNCIA DAS PERGUNTAS

  1. Sensei Vargas:
    Realmente o que move a humanidade são as perguntas…
    Tive a grata satisfação de participar deste evento e estar no tatame quando o Sr. fez o questionamento mencionado no texto.
    Iniciei minha prática no Aikido em 1997, na cidade de São Leopoldo, com o Sensei Bismarck, com o qual permaneci durante três anos (infelizmente por motivos profissionais tive que interromper esta prática).
    Em 2013, quando finalmente consegui retomar a prática do Aikido verifiquei que algumas “formas” de executar ou receber as técnicas eram executadas de forma diferente. Realmente não é uma questão de “certo ou errado” (que no Aikido é relativo), mas de realmente questionar, de forma respeitosa e de coração aberto o porquê de algo ser feito “assim ou assado”.
    Aqui em Itajaí/SC, onde pratico atualmente com o Sensei Fernando (que foi o seu Uke durante o questionamento), temos esta possibilidade de questionar, obter respostas, contra-argumentar e novamente questionar, sem “ranços”, mas sempre respeitando as diferenças e principalmente aqueles que vieram antes.
    Do mesmo modo, penso que é importante conhecer a forma como “outros grupos” praticam o Aikido (sou da época em que os Senseis Ono e Maruyama também eram as nossas referências) até para podermos fazer perguntas…
    Enfim, parabéns pelo texto e pela prática proporcionada no tatame…quanto ao seu questionamento e as respostas dadas no dia, fico com sua frase final e também “vou pensar sobre o assunto” e quem sabe fazer novas perguntas…
    Abraço!

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